domingo, 12 de junho de 2011

Anestesia da alma.


                       Um quarto frio, uma cama vazia e um travesseiro para amparar as lágrimas. O quite solidão! O bônus que recebemos quando a vida parece querer lhe castigar por algum motivo que por você é muito desconhecido, então ela te faz sentir só, largado, sem ninguém, sem ser capaz de encontrar um novo alguém. E eu estou aqui agora, deitada, abandonada, literalmente abandonada. Aquele que dava nome ao meu amor me deixou, disse que não dava mais, simples assim... Disse: “Não posso continuar vivendo algo que pra mim não mais existe”. Eu não existo mais para ele, foi isso que ele quis dizer, só pode! Eu fui o amor para ele e se ele me diz que o nosso amor não mais existe, então também não existo eu. Eu era a menina dos olhos dele, a menina dele, o sentimento mais puro encarnado para fazer a felicidade dele. E agora? Agora eu não sou ninguém, não tenho ninguém, sou um vazio, um nada, sou o passado esquecido de alguém, o meu amor não tem mais nome, sou só eu agora, eu e o meu amor indigente.
                Eu vou tentando me acalmar, esquecer, variar os pensamentos. Fecho os olhos e os mantenho assim pra ver se o sono chega e de repente eu me encontre acordando em um novo dia sem ao menos ter percebido o momento em que adormeci. Mas de repente uma angustia surge dentro de mim, eu me encolho apertando o travesseiro contra o meu rosto, sinto um aperto no peito, vem a vontade de chorar, minha garganta dói com o choro preso, tentei segurar, mas eu não aguento então vem o grito, o choro e então... O desespero.  Parece que quanto mais lágrimas caem, mais dor eu compro com elas. O choro é incessante, difícil de controlar, cada lágrima caindo na mesma velocidade em que as lembranças vão surgindo em minha mente, lembranças infinitas, choro Infinito.
                Uma vez eu li em algum poema que o amor dura para sempre e então eu aprendi isso. Mas olhe para mim! Alguém um dia me fez acreditar na autenticidade desse sentimento por mim e hoje eu vi cada fragmento verdadeiro presente naquelas palavras e atitudes que um dia me convenceram disso, se desintegrar em uma só frase, em um só adeus. O que fazer quando você planeja a sua vida de acordo com outro alguém e de repente esse alguém se vai e leva aquela vida que você tinha planejado junto a ele, te deixando sem mundo e sem vida? No meu caso... Desespera-se!
A minha cabeça dói e os meus olhos começam a arder, não consigo abri-los, se eu tento aquela ardência chata vem obrigando-os a se manterem fechados me fazendo enxergar melhor cada lembrança nova que vem surgindo. Escapa-me um espirro e o meu corpo tremi, eu me abraço e sinto a minha blusa molhada, droga! Estou tão anestesiada pela dor que nem me dei conta antes que a minha roupa esta ensopada, o desgraçado me largou na chuva! É melhor me levantar e tomar um banho quente, quero lavar do meu corpo aquele ultimo abraço dado antes daquelas ultimas palavras, tirar essa roupa fria vai ser só um bônus que vou ganhar ao lavar de mim aquele ultimo toque. Mas antes passo na cozinha para beber um copo d’água, estou soluçando e minha garganta está seca, encontro em cima do balcão uma garrafa de vinho, a mesma que ele pegara na minha adega na noite passada para oferecer a um cliente que jantaria na sua casa naquele dia, mas como saiu com pressa acabou esquecendo quando voltou do carro ao perceber que as chaves haviam ficado aqui dentro. Pego a garrafa e saio da cozinha, afinal, o álcool é a água que mata a sede de uma alma amargurada.
Enquanto passo pela sala vejo a nossa foto na mezinha ao lado do sofá, sinto uma pontada no peito, os olhos enchem de lágrimas e vem novamente aquela dor de choro preso na garganta, Respiro, respiro fundo, dou um gole na garrafa, pego o porta retrato e deito no sofá. Fico encarando aquela imagem feliz e tão distante da minha realidade agora. Fico oras ali vendo, chorando, lembrando e bebendo, bebendo muito inclusive, engolindo sem nem sentir o sabor daquele vinho tão requintado. Tanto tempo deitada agarrada a uma memória congelada em um papel e abraçando a garrafa que no momento é a única coisa que se oferece para me consolar, tanto tempo sentindo tanta coisa e ao mesmo tempo nada e agora me surge um formigamento, meu corpo dá sinal de que está ficando completamente adormecido pelo álcool, percebo que também não tenho muito controle de mim agora, estou bêbada!

                Sento no sofá, vem a tontura, vai ser difícil levantar, mas eu consigo e o banheiro não fica muito longe, é só ter cuidado. Fico de pé e estou desorientada, não consigo ver direito o que está a minha volta, pego a garrafa e sigo na direção do corredor, vou esbarrando em tudo, derrubo um jarro no chão, piso e corto o meu pé direito nos cacos de vidro, não sinto nada, apenas ando com um pé um pouco de lado para não sujar o chão de sangue, como eu pensei nisso? Chego ao banheiro, acendo a luz e tento tirar a minha roupa, mas não consigo nem desabotoar a calça, então desisto e entro na banheira já cheia de quando tomei banho mais cedo e esqueci de esvaziá-la antes de sair, dane-se, não ligo! Entro com roupa e tudo, mas não esqueço da garrafa, não mesmo, entro com ela também. Olho para  fim da banheira e vejo a água vermelha, o sangue do meu corte subindo, que merda! Mas eu ignoro isso, viro o vinho na minha boca e dou mais um belo gole, fecho os olhos e vou aos poucos afundando na água, tenho sono, estou tão cansada, meu espírito está tão desgastado e meu coração tão maltratado. Adormeço, ali mesmo, ou seria um desmaio? Não importa, dá no mesmo, estou desacordada agora e com a cabeça toda enfiada de baixo d’água, tenho um sonho e nesse sonho ele está comigo, me beijando desesperado, pedindo perdão, implorando para que eu volte para a vida dele, dizendo que me ama, tão lindo, tão perfeito, tão amável, mas é um sonho, a dor me lembra disso. Eu estou sozinha em casa, bêbada, machucada, mergulhada dentro da banheira e apagada. Talvez eu acorde, talvez eu me afogue, talvez eu desperte em um momento sufocado, procurando o ar, ou de repente me encontre em uma outra dimensão, se é que essa seja a palavra correta. Se eu vou despertar eu não sei, mas não ligo, nesse momento eu não ligo, minha alma não sente mais nada e o meu corpo é como se não mais existisse. Não importa o que aconteça, eu não ligo, afinal, ele não está mais aqui. 





quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ganhando asas.



                Onde está o John? Alguém o viu? Alguém o ouviu? O John está por aí em algum canto, talvez escrevendo, ou tocando, até mesmo lendo, mas não está voando. Ele não voa! Diferente de nós o John não tem asas, elas ainda não cresceram. Será doença? Ou castigo dos deuses para com o jovem de alma tão rebelde?
                O John canta, toca, desenha, grita, até mesmo chora, eu sei, todo mundo chora. Mas e aí? Alguém o viu? Alguém lá no fundo gritou dizendo que ele estava em casa falando música e compondo voz. O John quer voar não para conquistar o mundo, mas para ganhar o seu! Ele quer poder voar sem ser notado, voar para si e para a pessoa que o ama e que ele ama, voar para impressionar aquela que realmente importa. Mas quem? Quem o John ama? Quem ama o John? Pobre rapaz, sem asas e sem a outra metade.
                Pensamentos complicados, espírito rebelde e mundo confuso. Para que vive ele então? Para quem? Para onde ele vai? Nem o próprio mesmo o sabe! O John não tem destino certo, já morou em todo canto, conheceu várias partes do mundo, mas ainda não viu nenhum pedaço do seu. Mas... espere! O que o John está fazendo fora de casa? Aquele homem cuja a mão ele aperta não seria o tal Nicolas? Aquele rapaz tem asas, será que ele vai ajudar a resolver o problema das asas do John? O Nicolas abriu uma caixa mágica e tirou dela um par de asas postiças, e entregou ao rapaz dando lhe também uma direção para ser seguida. Agora John está levantando vôo, um vôo baixo, mas é um começo. Está seguindo a direção que para ele foi recomendada, mas ainda está sozinho. No caminho John vai se arriscando, conhecendo algumas coisas que antes lhes eram desconhecidas, vivendo um destino jamais por ele imaginado, sendo adorado por muitos, mas amando poucos. Vai ficando conhecido por onde passa, mas não conheci a si mesmo. O John casa, descasa, ama, dizama e ainda quebra coisas. Tudo isso na busca da metade que lhe falta. O jovem estava voando... Mas aquela ainda não era a sua asa e o seu vôo era baixo. Um vôo artificial onde ele podia ver tudo por onde passava, mas sem a visão ampla das alturas.
                Mas agora... onde está o John? O John se perdeu! Agora ele está se virando vivendo coisas que o mantém de pé, mas não vivo! Nesse momento ele está sentado no chão, as pessoas passam, falam com ele, o cumprimentam, lhe dão coisas, o abraçam, mas não estendem a mão e lhe direcionam para outro caminho, então ele fica por ali, num lugar conhecido por todos mas desconhecido por ele e diferente dele. Vejam! Aquele ali é o Tim e ele está passando! Ele também é um rapaz diferente, mas com asas. Agora o Tim parou e estendeu a mão para o John! John o olhou nos olhos e como num espelho pôde se enxergar. Finalmente ele pôde se achar de alguma forma em algum lugar e em alguém. Ele levanta segurando a mão daquele rapaz e descobre através dele, que estava no caminho do alvo certo, mas errou em atirar para todos os lados o que o levou a vários alvos e o confundiu.
                Agora John ganhou um amigo e está seguindo ao lado dele a mesma direção, mas com escolhas diferentes. Agora ele está construindo o seu mundo, ele pode escolher melhor agora, vai pegando as peças que lhe cabem e montando o seu espaço íntimo. E então ele percebe que não podia voar e ganhar o seu mundo porque antes ele não tinha um. Agora sim estava tudo pronto, e olha... o John está de olhos fechados, o que Será que ele vai fazer? Ele está correndo, será que...? Não pode ser... O John está alçando vôo! O garoto ganhou asas! Ele está voando alto agora e esbarrando em alguém também! Desastrado!
                Ele está olhando para baixo, vendo a pessoa cair, agora se desesperando e voando na direção dela. Ele tomou aquela pessoa em seus braços e está olhando em seus olhos, é uma mulher, e ele está apaixonado! Finalmente ele sente que encontrou o pedaço que lhe faltava, então decide unir o seu mundo ao mundo daquela que caiu do céu. Era como  um anjo!Um Anjo Francês! O anjo da vida de John. Agora ele tem um mundo, uma rebeldia domada, um coração preenchido e a admiração daqueles que um dia o estranharam. O rapaz que tanto procurava inspiração hoje é uma. Ele é o amor da Francesinha, e a Francesinha lhe deu mais dois amores. A árvore do amor de John deu frutos agora!
Agora sim John é um homem completo, com asas e feliz!




Uma homenagem ao Johnny Depp pelo seu aniversário de 48 anos. Um grande ator, homem e pai cujo o tamanho da minha admiração por ele não pode ser estimado.
#HappyBdayJohnnyDepp