Eu olhei nos olhos dele e pudi ver o céu dentro deles, exatamente como quando o vemos refletido nas águas do mar. A pele dourada iluminada pelo sol me tentou a tocá-la e sem a menor vontade de resistir aquilo eu me rendi ao impulso e deixei minha mão correr livremente sobre o seu peito, braços e costas. Senti a areia no seu corpo, o arrepio dele ao sentir o meu toque e da forma perfeita começávamos a reagir um ou ao outro.
Seus lábios se moveram abrindo-se um pouco, o rosto aproximou-se do meu fazendo meu coração bater mais forte, mas ao invés de tocar a minha boca eles sussurraram ao meu ouvido. A voz tão deliciosa quanto o som das ondas batendo nas pedras, dizia que se havia um momento certo para começar a amar, o momento era aquele e antes que eu pudesse ter qualquer tipo de reação, ele me beijou.
Minhas pernas tremiam e eu ouvia cada batida que o meu coração dava ao sentir a emoção que tomava o meu corpo quando recebi aqueles lábios macios, macios e salgados. Sua mão firme na minha cintura me puxava para mais perto dele e mesmo molhado o seu corpo era quente. Eu estava tão tomada por aquele momento, parecia que uma grande onda tinha me arrastado para o fundo do mar, um mar cheio de prazeres e sentimentos. Aquele beijo que eu tanto desejava finalmente me pertencia. E se essa onda quisesse me levar para mais longe e mais fundo, que me levasse então, eu não nadaria contra ela, eu estava rendida.
Ele largou por um momento a minha boca, foi quando percebi que estava um pouco tonta, eu havia esquecido de respirar e acho que ele notou isso. Fiquei meio sem graça ao perceber a situação, mas beijá-lo era tão bom que eu não conseguia parar, nem para alimentar os meus pulmões com ar. Ao me recuperar, caminhamos um pouco e em seguida entramos no mar, mergulhamos e ele me abraçou me beijando levemente em baixo da água. Nossos corpos levados pelo movimento das ondas ganhavam ainda mais intimidade, estávamos conectados á natureza e ao sentimento, não poderia ser mais perfeito.
Levada em seus braços para a beira da praia deitamos um pouco ali, um frente ao outro e ficamos nos olhando por um bom tempo. Sua mão tocando o meu rosto, meus dedos em seus lábios e os olhares ligados como se fosse a ultima vez que se encontrariam. Só por um momento eu permiti que os meus olhos se fechassem, momento este em que sua boca veio de encontro a minha novamente. E quando eu os abri não me encontrava mais naquela praia deserta ao lado daquele que meu coração já desejava com mais intensidade. Eu me encontrava em meu quarto agora, com a luz apagada e o rosto iluminado pela luz da lua que invadia o ambiente pela brecha da cortina. Estava deitada de lado, virada para um espaço vazio da cama, como se alguém tivesse passado parte da noite comigo.
Tudo aquilo foi um sonho, o melhor sonho de todos! Eu estava acordada naquele momento, mas ainda podia sentir o cheiro da praia e a minha boca salgada. O coração acelerado não negava a intensidade daquilo que havia se passado em minha mente enquanto dormia. Eu me sentia leve como as princesas dos contos de fadas quando encontram o amor, e o príncipe do meu conto... Era um príncipe do mar.
O homem que desejo está longe, mas o que sinto por ele está bem perto e enquanto eu não posso tocá-lo, fico aqui fechando os olhos e alimentando meus pensamentos com ele, suspirando a cada sensação que o desejo me proporciona e aguardando o dia em que nos encontraremos e viveremos de perto um amor que irá muito além do verão.